28 agosto 2006
Extremos
"Extremism in the defense of liberty is no vice. Moderation in the pursuit of justice is no virtue." - Barry Goldwater (discurso escrito para o senador por Karl Hess, citando, supostamente, Cícero).
Um post do André Azevedo Alves n'O Insurgente gerou várias observações interessantes na caixa de comentários, sobre direita e esquerda, extrema-esquerda e extrema-direita, etc. Destaco estes comentários do LA-C e do RAF.
Como já referi anteriormente, um eixo unidimensional é francamente limitativo para classificar opções políticas. Apesar disso, compreendo que é fácil cair nesta armadilha quando toda a gente, em especial os adversários, usa esse referencial.
Ser extremista é defender uma determinada posição de forma inflexível. A expressão adquiriu um significado claramente pejorativo, por vezes injustamente, em grande medida devido à disseminação do relativismo e da apologia do centrismo consensual, mas especialmente face às atrocidades cometidas pelos regimes vistos como de extrema-direita ou de extrema-esquerda (p.ex. Alemanha Nazi, URSS Estalinista, Revolução Cultural na China, etc).
Os liberais são apelidados pelos esquerdistas como direitistas. Não partilhando quase nada com esses esquerdistas, sendo mesmo uma antítese deles, pareceria pacífico que os liberais fossem direitistas. No entanto, tenho enorme dificuldade em ver onde é que as posições normalmente atribuidas à extrema-direita são versões inflexíveis das posições liberais, ou onde é que o liberalismo é uma versão moderada da extrema-direita. Não têm nada a ver...
Julgo improvável que algum esquerdista me resolva este problema. Na verdade, vejo é muito em comum entre o nazismo e o comunismo. Façamos um trato: no dia em que a esquerda assumir que Hitler e Mussolini eram na verdade de extrema-esquerda, eu aceitarei de bom grado o epíteto de direitista. Só aí poderei ser ocasionalmente inflexível sem criar singularidades no espaço-tempo da política.
Etiquetas: liberalismo
Bocas:
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Realmente nada acrescentam ao debate e à crítica estas dicotomias, mas têm interesse histórico e sociológico creio eu. Talvez uma distinção essencial fosse a posição sobre a propriedade privada (das terras, dos meios de produção), só que o facismo e alguma direita caudilhista (tipo sul-americana) não me parecem alérgicos à posse das matérias-primas, das empresas "estratégicas" e coisas assim pelo Estado; inversamente, a esquerda social-democrática europeia mudou imenso, dos tempos de Marx até hoje, a esse respeito (e em quase todos os outros).
Creio já ter lido há algumas décadas que a diferença estava na liberdade do indivíduo vs. os direitos da Comunidade/Estado/outras entidades colectivas. Só que já não é de Direita-Esquerda que se trata.
Enfim, as ideias enlatadas, etiquetadas, prontas a consumir têm os encantos próprios do fast-food: toda a gente sabe o que é, quando se fala disso.
Creio já ter lido há algumas décadas que a diferença estava na liberdade do indivíduo vs. os direitos da Comunidade/Estado/outras entidades colectivas. Só que já não é de Direita-Esquerda que se trata.
Enfim, as ideias enlatadas, etiquetadas, prontas a consumir têm os encantos próprios do fast-food: toda a gente sabe o que é, quando se fala disso.
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