Crónica do Migas
Beneath this mask there is more than flesh. Beneath this mask there is an idea, Mr. Creedy, and ideas are bulletproof.

17 julho 2008

 

Compaixão e Dependência


Comentando este post do RAF, o João Galamba afirma às tantas (negritos meus):

«Aliás, arriscar-me-ia a dizer que o que o RAF defende, levado até às últimas consequências, é uma realidade social que tende para a desumanidade. Algo parecido com o Triunfo da Vontade, mas na sua versão liberal atomizada. A Ayn Rand adoraria. Mas para ela a compaixão e a dependência são uma espécie de doença…»

Nas caixas de comentários dos referidos posts, o RAF identifica bem o âmbito do seu texto, mostrando que as conclusões do João são algo abusivas, no sentido em que esticam ideias para além do seu âmbito. Mas não é isso que me interessa particularmente. Por “deformação intelectual” não posso deixar passar em branco a parte a negrito. O João tem muito o hábito de name dropping no que escreve: Refere este ou aquele autor, atira com uma frase estereotipada para descrever as ideias do mesmo, e já está. Neste caso concreto, ele mostra desconhecimento. Até compreensível, na medida em que é muito comum os “adversários” de Rand usarem essa caricatura. Uma leitura atenta dos seus textos, contudo, mostra o erro da “acusação”. Na entrevista que deu à Playboy, em 1964, está um exemplo que vai directamente à crítica do João:

«PLAYBOY: What is the place of compassion in your philosophical system?

RAND: I regard compassion as proper only toward those who are innocent victims, but not toward those who are morally guilty. If one feels compassion for the victims of a concentration camp, one cannot feel it for the torturers. If one does feel compassion for the torturers, it is an act of moral treason toward the victims.

PLAYBOY: Would it be against the principles of Objectivism for anyone to sacrifice himself by stepping in front of a bullet to protect another person?

RAND: No. It depends on the circumstances. I would step in the way of a bullet if it were aimed at my husband. It is not self-sacrifice to die protecting that which you value: If the value is great enough, you do not care to exist without it. This applies to any alleged sacrifice for those one loves.»

No muito vilipendiado livro The Virtue of Selfishness, cujo título causa calafrios aos “humanitários”, existem múltiplos outros exemplos da sua visão sobre a benevolência e como esta difere de altruismo. Já escrevi sobre o assunto antes, aqui.

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