Crónica do Migas
Beneath this mask there is more than flesh. Beneath this mask there is an idea, Mr. Creedy, and ideas are bulletproof.

09 janeiro 2008

 

Alguém seguirá as suas recomendações?


Eis um daqueles típicos disparates homéricos que ocasionalmente aparecem na nossa imprensa financeira. Escreve Ulisses Pereira no Jornal de Negócios:
Olhar para o gráfico da PTM deixa-me nostálgico. Mas também deve servir de lição a todos os que dizem que o investimento em Bolsa, no longo prazo, é sempre seguro.
E desde quando é que um título em particular serve de exemplo para uma estratégia de investimento de longo prazo? Será que o homem nunca ouviu falar em diversificação e risco específico versus risco de mercado? Investir "em bolsa" e comprar acções da empresa X não é a mesma coisa. Até existem teorias complexas relativamente a como constituir uma carteira adequadamente diversificada para minimizar os riscos específicos, fronteiras eficientes e coisa e tal.

Etiquetas: ,


Bocas:
O Ulisses Pereira quer desmontar um argumento vulgarmente utilizado, que já ouvi várias vezes:
"não vale a pena preocupar-nos com as oscilações de bolsas, pois para qualquer acção comprada, existirá sempre um momento no tempo em que máximos históricos passados serão ultrapassados".

Ora, para deitar abaixo a teoria, tenho de encontrar pelo menos um exemplo em que isso não sucede. Não há contradição nenhuma com a estratégia de diversificação. O argumento tem apenas uma fraqueza: a de não poder ver evoluções futuras. Talvez a PTM volte aos 70€ em 2020.
 
Balelas, caro Filipe :)

A observação empírica que serve de base à afirmação de que os investimentos na bolsa têm sido (historicamente) sempre bons no longo prazo é relativa aos índices agregados do mercado e não a activos individuais concretos.

Nenhuma empresa está livre de ir à falência. Já houve vários casos de empresas cotadas que deram o berro, o que bastaria para mostrar o risco específico de um determinado título.

Se o Ulisses Pereira quisesse dizer o que dizes que ele queria dizer :) então não teria falado em "investir em bolsa" mas antes em "qualquer acção comprada". E esse "qualquer", sim, estaria objectivamente errado.
 

Enviar um comentário

<- Página Principal