10 julho 2007
Overreach
(também postado n'O Insurgente)
No ano passado, Peter Leeson escreveu um paper chamado "Efficient Anarchy" onde analisou as circunstâncias em que a anarquia, ou seja a ausência de instituições de governo, é uma opção eficiente para uma determinada sociedade. Encontrou exemplos, onde essa hipótese era válida, ao nível de sociedades primitivas e ao nível global (relações entre nações ou simplesmente relações comerciais entre entidades de estados diferentes). Este tema acaba por ser imensamente útil e actual face aos desenvolvimentos recentes na União Europeia, incluindo a entrada em vigor do pacote regulatório REACH*; que além de ter um nome idiota, seguramente o wet dream de um qualquer controleiro de Bruxelas, é também o maior pacote legislativo alguma vez aprovado pela União.
O enquadramento para a análise de Leeson parte da simples regra G > H - L, isto é, a anarquia é eficiente quando os custos para a sociedade pela existência do governo são superiores aos benefícios que ela tira dele. Numa altura em que os custos do cumprimento das regras de Bruxelas pela indústria europeia ascendem, segundo o comissário Günter Verheugen, a 600 mil milhões de euros por ano, é altura de perguntar se isto tudo realmente vale a pena; se não estará a União a legislar o seu caminho para a desagregação. Tal como o meu velho professor de história, os burocratas em Bruxelas acham que o avanço da Europa se faz por via legislativa; pior, acham que a variável de controlo é quantitativa.
*Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals (link para os que sofrem de insónias)
Etiquetas: caboom, democracia, economia, ignorance is strength, liberalismo, roubalheira