31 dezembro 2008
Desregulação do sistema financeiro
As acções de desregulação do sistema financeiro, que se iniciaram por volta de 1980, começam a ser unanimemente responsabilizadas pela actual crise. O remédio santo, segundo a mesma unânime massa comentadora, passa por dar poderes não-especificados às instituições reguladoras do sector, nomeadamente os bancos centrais, comissões de mercados, etc.
A referida desregulação incidiu sobre os seguintes aspectos (onde se lê “autorizou”, deve entender-se “deixou de proibir”):
- Autorizou fusões e aquisições no sector
- Autorizou maior liberdade nas estruturas accionistas, nomeadamente participações por estrangeiros
- Autorizou que fossem os bancos a determinar as taxas de juro dos depósitos dos clientes, bem como dos empréstimos concedidos, em vez de ser uma autoridade central
- Autorizou a comercialização de crédito habitação com taxas variáveis
- Autorizou que mais entidades, para além de casas especializadas, ofereçam crédito habitação no mercado
- Autorizou associações mutualistas a entrar no mercado bancário (por exemplo oferecendo contas à ordem com emissão de cheques)
- Autorizou os bancos a pagar juros em depósitos à ordem
- Autorizou empresas de um país a conceder crédito a clientes de outro
- Autorizou os cidadãos a ter cartões de débito e/ou crédito que funcionam noutros países que não o seu
- Autorizou instituições financeiras de países diferentes a concederem crédito entre si
- Autorizou que cidadãos possam transferir fundos livremente, nomeadamente para o estrangeiro, sem autorizações especiais
Etiquetas: economia, ignorance is strength
29 dezembro 2008
Poderes regulatórios
Diz o conventional wisdom que vai por aí que é preciso aumentar os poderes do estado, das autoridades reguladoras, para impedir crises como a actual, supostamente despoletada pelo “capitalismo selvagem” do desregulado sector financeiro.
Vamos lá ver se nos entendemos: A solução passa por dar mais poderes a pessoas competentíssimas, como por exemplo Vitor Constâncio, para estas poderem antever potenciais problemas, anteriormente imprevisíveis, com instrumentos financeiros que, possivelmente, ainda não existem. As mesmas pessoas que nos últimos anos não detectaram problemas efectivos, anteriormente conhecidos, com instrumentos financeiros que existem há décadas. É isso?
Etiquetas: dissonância cognitiva, economia, falácias, ignorance is strength
22 dezembro 2008
News from the Land of the Free
09 dezembro 2008
Miles away
05 dezembro 2008
Hot 'un
04 dezembro 2008
The Road to Ingsoc
A notícia da detenção do deputado Damian Green, do partido conservador britânico, para ser interrogado sobre uma "conspiracy to commit misconduct in public office", parece ter passado despercebida cá pelo burgo. A brigada anti-terrorismo da polícia metropolitana revistou as casas e escritórios de um membro do parlamento, incluindo o seu gabinete dentro de Westminster, confiscou-lhe documentos, computadores e o telemóvel, interrogou-o durante nove horas e tirou-lhe as impressões digitais e uma amostra de ADN, tudo com espalhafato e clara intenção de o achincalhar publicamente.
O seu crime? Embaraçar o governo de Gordon Brown com informações como o facto de 5000 imigrantes ilegais terem recebido licenças para trabalhar em empresas de segurança britânicas, ou como o governo mantinha uma lista com os nomes de todos os deputados que se opunham ao projecto-lei anti-terrorista que propunha aumentar o periodo de detenção sem acusação para até 42 dias, entre outras.
São notícias como esta que servem para mostrar os perigos de leis securitárias anti-democráticas e anti-liberais àqueles que argumentam que “quem não deve não teme”.
Etiquetas: democracia, ignorance is strength, oportunismo