Crónica do Migas
Beneath this mask there is more than flesh. Beneath this mask there is an idea, Mr. Creedy, and ideas are bulletproof.

03 julho 2006

 

O Dinossauro


Confrontado com a sua extinção inevitável, o dinossauro tenta as suas últimas jogadas para evitar a irrelavância e obsolescência. É irónico que essas jogadas sejam fomentadas por quem diz querer mudar o país com um "choque tecnológico".

O modelo de negócio dos CTT baseia-se no princípio de que quem envia algo pelo correio paga uma taxa de serviço, enquanto os receptores nada pagam. Este modelo de negócio existe há séculos e baseia-se na lógica de que o envio físico de um objecto é um serviço que deve ser pago à entidade responsável por esse transporte.

O surgimento de meios de comunicação alternativos ao correio, primeiro o telefone, depois o fax, mais recentemente o email e agora o instant messaging, têm vindo a tornar o correio um meio em vias de extinção. Os modelos de negócio destes meios alternativos tem vindo a evoluir numa tendência cada vez maior de distribuição, diminuição e limitação dos custos, ficando o correio absurdamente mais caro do que qualquer dos novos meios.

Para agravar a situação, nas situações em que é imperativo o envio físico de objectos, e não de simples comunicação verbal, têm surgido vários operadores logísticos com sistemas e processos mais rápidos, mais eficientes e que têm ganho quota de mercado nos segmentos mais rentáveis dos correios, o que acelera o declínio destes últimos.

O lançamento do ViaCTT, é uma derradeira tentativa do dinossauro para preservar o seu modelo de negócio obsoleto. É uma tentativa de continuar a cobrar por envio aos seus grandes clientes antes que estes migrem o grosso da sua comunicação para email, à medida que a penetração deste aumenta entre a população. Esta tentativa é uma autêntica uphill battle, onde dificilmente os CTT triunfarão. Ninguém no seu perfeito juízo vai preferir usar este sistema em comparação com o email normal; excepto se o estado o obrigar a isso. Se isso acontecer, a duplicação de esforço na gestão de comunições ViaCTT (com o estado e empresas públicas) e email (com o resto do país e do mundo), para não falar no custo, apenas irá diminuir a competitividade das empresas portuguesas.

E depois ainda há a questão dos potenciais monopólios na certificação digital, como bem lembra o JLP. Espero que esta ideia luminosa siga o mesmo caminho do porta-moedas multibanco, dos DVDs pay-per-view, do sistema MediaMax CD-3 da Sony e da Microsoft Network.

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