15 julho 2006
Comunicação e Terrorismo
Em viagem, liguei a televisão e deparei, na CNN, com as imagens em directo de Bombaim logo após os atentados. Fiquei algum tempo a ver as imagens e a ouvir os comentários em off dos apresentadores. O "espectáculo" prolongou-se interminavelmente enquanto os comentários baseados em pura especulação mal-informada iam subindo de tom em sensacionalismo.
Isto fez-me pensar: Ao ocupar a antena por horas a fio com imagens dos feridos e mortos de atentados terroristas não estão os canais noticiosos a servir inadvertidamente os propósitos dos terroristas? O impacto em termos de criação de um clima de medo e insegurança da cobertura televisiva não é infinitamente maior que o efeito directo do atentado?
Não penso por um minuto sequer que se devem silenciar os factos. A escolha não tem de ser entre 8 ou 80, entre não dar a notícia ou não dar mais nada para além da notícia. Mas a forma como estes directos estão a ser tratados parece-me ser o culminar de todo o processo terrorista. É impossível que a maior parte das pessoas que vêem aquilo não pense exactamente o que os terroristas querem que elas pensem.
Quando se cria um cultura onde if it's not in the news it didn't happen, então aquilo que ocupa a antena torna-se a única coisa que acontece.
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