23 maio 2006
Money Makes the World Go 'Round
N’O Insurgente, o Miguel relembrou-nos o “discurso do dinheiro”, proferido pelo personagem Francisco D’Anconia do livro Atlas Shrugged, de Ayn Rand.
Esta brilhante defesa moral do dinheiro, enquanto potenciador das trocas entre homens livres e proxy do seu trabalho e criatividade é uma das melhores passagens de Rand. Embora as suas breves três páginas fiquem francamente aquém dos extensos “discursos” de John Galt (no mesmo livro) ou de Howard Roark (em The Fountainhead)...
Há alguns aspectos importantes sobre o dinheiro que não cabendo dentro do argumento moral de Rand não fazem parte do “discurso”, mas que convém também lembrar.
A invenção do dinheiro foi de extraordinária importância para o progresso da humanidade. Aqueles que constantemente amaldiçoam o dinheiro como sendo o “vil metal”, fazem-no a partir da sua cómoda vida que apenas é possível devido à existência do dinheiro. Antes, cada indivíduo e/ou família trabalhava para garantir apenas a sua subsistência directa, podendo, quanto muito, efectuar trocas directas com outros com a finalidade de alargar a satisfação das suas necessidades básicas.
Para além da facilitação de trocas , o dinheiro trouxe três enormes inovações que ainda hoje são os motores do nosso progresso: a capacidade de consumir “em diferido”, a capacidade de acumular riqueza e a capacidade de remunerar a divisão do trabalho.
O consumo “em diferido” libertou o homem da necessidade de se preocupar a todo o momento com a conversão da sua produção noutro bem; na maior parte dos casos, ambos perecíveis. O consumo estava assim ligado directamente à troca. Com dinheiro, o homem ficou livre para trocar a sua produção na altura mais conveniente e consumir apenas quando necessário.
A capacidade de acumular riqueza aumentou imensamente o seu bem-estar. Antes, o excesso de produção, que fosse para além das necessidades de consumo do homem e da sua família ou comunidade mais próxima, era desperdiçado. Com dinheiro, esse superavit passou a ser acumulado lentamente, podendo ser trocado na altura certa por outras coisas que não as necessidades básicas. A conjugação desta capacidade e da anterior permitiu distribuir ao longo do ano a produção de trabalho que muitas vezes era sazonal (p.ex. agricultura).
Por fim, a possibilidade de remunerar trabalho sub-contratado com dinheiro facilitou a divisão do trabalho, e por conseguinte, a sua especialização. Esta capacidade resultou em optimizações de processos produtivos e criativos, resultando em maior crescimento da criação de riqueza.
É um daqueles casos em que a lapalissada tem uma verdade profunda: Se não existisse dinheiro éramos todos mais pobres.
Etiquetas: economia, objectivismo