19 maio 2006
Partido Liberal ou Greve Subversiva?
Caros RAF, JLP e José Barros,
Os vossos argumentos e contra-argumentos constituem um interessante dilema. É evidente que o status quo está em falência e que urge o aparecimento de uma alternativa que permita colocar o país no bom caminho. Da mesma forma que é evidente que as pessoas que têm ideias sobre a forma de o fazer não estão para aí viradas, pelo menos no campo da acção directa.
Quando o RAF diz, na caixa de comentários, que mais facilmente emigra do que "se candidata" (sentimento com o qual confesso ter grande empatia), está a dar voz a uma acção colectiva na qual muita gente capaz tem participado. Os portugueses estão a votar com os pés; abandonam a luta partindo para paragens mais atractivas (a emigração de gente qualificada é uma realidade), ou então, ao estilo orquestra do Titanic, "tocam" serenamente a sua implacável lógica, anunciando o inevitável afundamento do barco, com o qual também afundarão.
Os primeiros são uma espécie de grevistas ao estilo Atlas Shrugged. A sua "greve" precipitando o deveras merecido estampanço da sociedade colectivista. Os segundos são, à sua maneira, também grevistas, embora apresentem uma tranquila dignidade determinista, tipo Vencidos da Vida. Resta saber se assim ficarão, ou se de forma Queiroziana, acabarão por correr atrás do "Americano"; e se sim, quem será o burro que o puxa. Just kidding.
É verdade que o pensamento liberal tem subido de influência de uma forma que seria impensável há alguns anos, quando ser social-democrata era uma atitude de rebeldia face ao mainstream socialista e defender menor papel para o estado, uma autêntica heresia. O banho de realidade e a diminuição do atrito na comunicação (potenciado pela blogosfera) tiveram nisso um papel importante. Mas, e agora? Isso basta? Creio que não.
Tal como o JLP e José Barros, não creio que seja possível influenciar as actuais máquinas partidárias acomodadas ao sistema de oligopólio criado pela nossa Constituição. Logo, compreendo a sua opinião de que deve surgir um novo Partido Liberal, embora perceba as reticências de muitos dos seus potenciais membros. As regras do jogo estão viciadas à partida. Mas continua a haver uma pergunta que inevitavelmente se coloca aos liberais: Are you going to put your money where your mouth is? Ou vão aderir à Greve Subversiva?
Etiquetas: liberalismo, objectivismo