24 abril 2009
Uma questão de idade mental
Tenho de confessar uma coisa. Já defendi políticas proteccionistas. Tinha uns 12 ou 13 anos quando numa aula de história o professor apresentou as políticas mercantilistas de Colbert. Tive uma epifânia e achei a ideia genial. Mandar as nossas mercadorias para a estranja e receber ouro em troca era o caminho seguro para a riqueza, certamente. Entusiasmado, falei com o prof no fim da aula. Estávamos, afinal, em plena crise dos anos 80. FMI, desvalorização do escudo e tal. Estava ali a solução para todos os nossos problemas. Ou não?
O veterano professor, já a caminho da reforma, sorriu com ar compreensivo. Virou-se para mim e disse: «Pois... O problema é que se todos fizerem assim, ninguém ganha nada e ficam todos pior.» A resposta deixou-me algo desconcertado. Matutei no assunto algumas horas e lá concluí que o homem tinha razão. Bolas. A ideia até parecia boa.
Hoje em dia, quando os luminários representantes do povo, aqui e além mar, trazem de volta à discussão ideias proteccionistas, também sorrio, lembrando-me do velho prof e do wishful thinking mercantilista. O problema, claro, é que eles não têm 12 anos de idade.
Bocas:
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Miguel, escreveste mercantilista vais deixar meio mundo confundido. :-)Então isso não é aquela coisa do capitalismo selvagem?
Não Hélder, confundido estás tu. O mercantilismo é uma doutrina económica em que o comércio entre países é um jogo de soma nula. Pareces os teus amigos da arte da fuga que devem estar a tentar perceber porque não acabou o mundo depois do plano Geithner. Mas eu expliquei. No meu blogue claro.
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