11 novembro 2008
O barato sai caro
Já sabíamos que a política constitucionalmente consagrada de ensino público gratuito sai cara aos contribuintes. Os gastos do estado com educação davam para pagar colégios particulares a toda a gente; e ainda sobrava dinheiro. Também já sabíamos que essa política tem o preço de uma sempre pior e mais degradada educação, ao ponto de os exames agora terem de ser uma fantochada para a percentagem de "chumbos" não ser demasiado alta e não ficarem vagas por preencher no ensino superior por não serem atingidos os mínimos. Até se pensa em eliminar os "chumbos". Há tempos ficámos a saber que há mais um preço a pagar pela escola gratuita: As famílias portuguesas gastam pelo menos 118 euros por mês e por aluno em explicações; que servem para colmatar a deficiente (ou no mínimo, insuficiente) qualidade de ensino.
No entanto, este evidente aspecto da falência do sistema educativo vigente não é o que mais preocupa António Neto-Mendes, que juntemente com Alexandre Ventura e Jorge Adelino Costa, é autor do estudo que identificou o número acima referido. Este professor da Universidade de Aveiro está preocupado com o facto das explicações porem em causa a equidade no acesso ao ensino. Com abertura de espírito, poderíamos pensar que Neto-Mendes se insurge contra o insucesso de um sistema cujo objectivo era criar igualdade de oportunidades; que gostaria reformar tal sistema por forma a atingir o tal objectivo. Mas isso é até vermos as suas anteriores declarações, onde aparecem referências a "neoconservadores" ou "neoliberais" e onde a "liberdade de escolha" é apenas "retórica"; ou ainda a crítica à "mercantilização dos processos educativos", trazida pelas explicações privadas. Aí, não podemos deixar de ter dúvidas sobre qual o caminho por ele preconizado.
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