16 dezembro 2009
Pensamento do dia
Para que serve a imprensa?
Quando um jornal publica um editorial em que assume que a investigação de factos é secundária perante a força dos números de quem defende uma determinada teoria, isto é jornalismo ou propaganda? Quando um jornalista deixa que a sua opinião pessoal influencie a sua abertura a investigar factos surgidos publicamente, ignorando-os, está a fazer o seu trabalho ou a disseminar propaganda? Quando um jornal dissemina acriticamente a refutação de factos por terceiros, sem analisar os factos em si, está a veicular informação ou a escondê-la?
A crise da imprensa é conhecida. O declínio provavelmente inevitável. Sem boas práticas de jornalismo, o epílogo limitar-se-á a chegar mais depressa.
Algumas notas:
O editorial do i refere [negritos meus]: «[O climategate levou] este batalhão de cientistas a declarar “a maior confiança nas provas de aquecimento global”, a lembrar que o fenómeno se deve “às actividades humanas” e a pedir medidas urgentes na Dinamarca.»
Na verdade, como se pode ver na “declaração”, não existe qualquer menção à Cimeira de Copenhaga, ou à Dinamarca. A “declaração” limita-se a ser uma profissão de fé nas conclusões dos relatórios do IPCC.
Refere ainda: «O efeito de estufa resulta da emissão de dióxido de carbono, mas é curioso verificar como tanta gente responsável ainda duvida desta evidência científica ou da própria existência do efeito de estufa.»
Não é esta a questão. Este argumento falaccioso tenta reduzir ao ridículo a posição céptica. O que está em causa é a magnitude do fenómeno, especialmente face a outros fenómenos não-antropogénicos, e a alegada urgência de agir.
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